terça-feira, 19 de abril de 2011

Ísis... [2]

Oi, gente! Lembram-se que eu disse no meu post anterior que eu vivia numa redoma de vidro?  Pois o vidro se quebrou esse fim de semana e está em pedaços no chão. E eu estou dançando sobre os cacos agora, livre, leve, e solta. Vou contar o que houve.
Recebi uma educação privilegiada. Venho de uma família simples, religiosa e de bom caráter. Somos um bando de certinhos: pagamos as contas em dia (com muito sacrifício), não nos indispomos com os vizinhos, fazemos favores de muito bom grado (para os que são de nossa confiança), e por aí vai! Uma clássica família do interior. Talvez por ser a única mulher dentre os filhos, a menininha do papai, houve um zelo um pouco maior pra que eu fosse sempre correta e obediente, para que eu não virasse uma "perdida" (é o novo!). Mas meus pais não tiveram que se esforçar muito pra isso. Sempre procurei agradá-los, e em troca eles sempre confiaram em mim e me deram liberdade para tomar minhas próprias decisões. Só que as minhas decisões eram as mais covardes. O medo de desagradar, de ser criticada, fez com que eu perdasse minha adolescência. Eu praticamente pulei da infância para a fase adulta. Pra não me machucar eu me isolei do mundo. Tem uma música melosa que diz "I never stray too far from the sidewalk (...) I learned to play on the safe side so I don't get hurt". É isso. Não quero dizer que eu era infeliz, não. Não tem como ser infeliz com a família que eu tenho. Eles são hilários! Mas faltava alguma coisa. A garotinha do papai tava cansada de ser uma garotinha. Queria ser uma mulher. A hora chegou!
Nesse final de semana fui com os amigos numa boate. Não sabia se era uma boa idéia. Na última vez que fui a uma boate, passei a maior parte da noite sentada numa poltrona. Até fiquei com um carinha, mas depois do beijo ele me deu as costas e foi embora. Não sabia se ele era um cretino ou se eu era um lixo. Ou as duas coisas. Enfim. Entrei na boate completamente travada. Mesmo depois da primeira caipirinha, eu só conseguia dar dois passos pra cá e dois pra lá. E olha que a batida era o máximo e o dj, a coisinha mais linda que eu já vi! Até que decidimos ir a parte superior, onde rolavam as "pegações mais quentes". Lá, vi uma parede repleta de casais, de ponta a ponta, numa desinibição de dar inveja. Apelidei a parede de "Muro das Lamentações", o lugar onde as pessoas depositam seus pecados. Sugestivo, não? Fomos até o bar, que ficava ao fundo. Uma amiga e eu pedimos outra caipirinha. Quando dei por mim eu já estava trocando olhares e palavras provocantes com o bartender. Eu, que nunca me achei bonita, nem provante, incapaz de atrair um aedes aegypti, era objeto de desejo de um cara gostoso, másculo, com um perfume delicioso e um beijo sabor canela. E que beijo! Ali mesmo no bar! Chegavamos a atrapalhar os clientes. Nunca me senti tão leve! Um certo momento, minha amiga e eu resolvemos descer pra dançar um pouco e no caminho acabei ficando com outro carinha, mas foi rápido e menos empolgante. Na pista, enquanto dançava com meus amigos, senti alguém acariciar minha mão e soltar em seguida. Era o bartender. Pensei que fosse só um gesto carinhoso, até que o vi acenando pra mim do alto da escada. Fui até ele e o encontrei no "muro das lamentações". Foi alucinate! Os beijos, as mãos dele passeando pelo meu corpo até chegar debaixo do vestido! Eu, a santa, deixei que um estanho, cujo nome eu nem sei, me tocasse como ninguém jamais tocou! Pela primeira vez na vida eu me senti GOSTOSA!  E digo sem o menor pudor. Depois de ficar com ele mais um pouco no bar, desci pra curtir com meus amigos os últimos momentos. O dia já estava amanhecendo. Enquanto dançava eu percebi um cara me observando, mas não dei trela. Até que, irremediavelmente, fui apresentada a ele. Conversa vai, conversa vem, percebi que o cara, que vou chamar de Pierre, era legal, divertido e beijável! Não tinha a mesma "pegada" do bartender, mas conseguia demonstrar delicadeza e necessidade quando me abraçava e me beijava, que eu adorei. Fechou com chave de ouro aquela festa. Com certeza esses dois conseguiram apagar a frutração que eu sentia desde minha balada anterior. E para os que pensam que só fiz tudo isso porque estava sob a euforia da bebida, saibam que ela foi apenas a água que batizou uma recém nascida Mulher. Tô só começando!    

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